Paralisação

Rodoviários protestam pelo atraso das linhas devido às obras na General Osório

Profissionais que atuam no transporte público paralisaram as atividades por cerca de três horas na tarde desta quinta-feira em uma manifestação que dividiu a opinião dos pelotenses

Carlos Queiroz -

Trabalhadores do transporte rodoviário de Pelotas paralisaram as atividades durante três horas na tarde de ontem. Eles se reuniram pouco antes das 15h no terminal da empresa Conquistadora, no fim da rua Dom Pedro II, e saíram em passeata até a rua General Osório, motivo principal da paralisação.

De acordo com o representante do Sindicato dos Rodoviários, Éder Blank, a movimentação proposta pelos profissionais tem o objetivo de fazer a prefeitura enxergar melhor os problemas que eles enfrentam no dia a dia. "Queremos que eles atendam aos nossos pedidos. Por exemplo, pedimos que coloquem um azulzinho na esquina da 3 de Maio com Osório pra facilitar o trânsito para os ônibus. Eles colocaram um dia e acabou. Também gostaríamos que a linha responsável pela Zona Norte fosse desviada para a Santa Tecla pra melhorar o fluxo, mas nada feito."

A obra realizada na Osório desde fevereiro está atrasando os ônibus - e demais veículos - em determinados horários devido ao estreitamento da via de passagem. De acordo com Éder, na quarta-feira o itinerário de algumas linhas atrasou em mais de uma hora devido à lentidão do tráfego. "Estamos levando do início da linha até a Floriano cerca de 37 minutos. Antes levávamos 12. Ouvimos muitas reclamações por isso, mas as pessoas estão entendendo a nossa situação", garante.

Apesar de realmente entender o problema enfrentado pelos rodoviários, dona Juraci Nunes não estava nada satisfeita. Moradora da Cohab Lindoia, a aposentada aguardava o ônibus em uma parada da rua Dom Pedro II desde as 15h. "Eu imagino o que eles passam. Tudo bem fazer paralisação, mas o prejudicado é sempre o povo. Eles têm problemas com a prefeitura, que tem problemas com sei lá quem, mas nós é que pagamos por isso. Pensei até em ir a pé pra casa, mas não adianta. Vou ter que esperar horas aqui mesmo, sentada no meio-fio."

Já na Osório, os cerca de 200 trabalhadores caminharam pelo meio da rua até a rua Marechal Floriano, parando para protestar nas esquinas de maior movimento, como Tiradentes e Lobo da Costa. As paradas de ônibus estavam cheias. Em uma delas, estava Margarete Oliveira. A dona de casa aplaudiu a manifestação. "Eu dependo do transporte público todos os dias, mas acho que eles estão fazendo muito bem em paralisar. Pra se ter alguma melhora é preciso fazer alguma coisa. Essa obra não termina nunca, não sabemos onde podemos pegar ônibus, é sempre em cima da faixa, as coisas não estão boas", afirma. O pensionista João Luiz Medeiros concorda. Morador do Laranjal, ele sabia da paralisação e adiantou a vinda para o centro da cidade para se adequar aos horários de funcionamento dos coletivos. "Hoje vou pra casa mais tarde, vou demorar bem mais, mas não faz mal. A gente espera o protesto, é justo."

Tensão
O momento tenso do manifesto foi mesmo na esquina da rua Marechal Floriano. O trânsito ficou trancado por cerca de 15 minutos, o que gerou indignação por parte de muitos motoristas. Quem tentava furar o bloqueio era parado pelos rodoviários, que ocuparam a via com cones das obras, apitos e fogos de artifício.

As paradas da General Osório, entre Floriano e 7 de Setembro, estavam lotadas por pessoas de todas as idades, pegas de surpresa pelo protesto. A movimentação de táxis e mototáxis era intensa, bem superior a dos dias normais.

Por volta das 17h, pelo menos dez pessoas aguardavam um táxi no ponto da rua General Neto. A primeira da fila era a aposentada Iara Kern, moradora do Lindoia. Sem poder esperar mais uma hora para poder ir pra casa, a solução foi apelar para o serviço privado, que eleva consideravelmente o gasto. "Eu acho que o atraso dos ônibus não é só por causa das obras. Do Centro até minha casa vou gastar mais de R$ 30,00 hoje. Equivale a mais de uma semana de passagem. Mas fazer o que?", questiona, resignada.

O grupo de rodoviários dobrou na Floriano e partiu em direção à Marechal Deodoro, por onde retornou à Dom Pedro II e, logo em seguida, ao terminal, para a retomada das atividades. Os ônibus começaram a circular novamente por volta das 18h.

O que diz a Secretaria de Trânsito
O secretário de Transportes e Trânsito de Pelotas, Cláudio Fabrício Montanelli, se demonstrou "chateado" com a paralisação dos rodoviários. Ele garante que a Secretaria está fazendo tudo o que pode para fazer o tráfego fluir sem problemas, mas defende que não é possível fazer uma obra como esta sem transtornos. "A revitalização da General Osório é um avanço. Não tem como mexer numa rua dessa importância sem causar algum tipo de desconforto. Mas sempre estivemos, estamos e estaremos à disposição para ouvir sugestões e críticas. Fomos usados para um protesto", avalia Montanelli, que ainda diz ter sido pego de surpresa pela paralisação. "Eu não sabia, nós não recebemos nenhuma informação oficial por parte deles (sindicato). Poderíamos ter ajeitado tudo isso conversando. Sempre estivemos dispostos a dialogar", reitera.

Contrariando os manifestantes, Montanelli diz que pelo menos seis agentes de trânsito estão atuando na via para facilitar o fluxo de veículos. O secretário também garante que outras ações estão sendo tomadas para melhorar o trânsito no local das obras. "Aumentamos o tempo de semáforo pra que a Osório tenha maior fluidez. Também estamos tentando fazer a obra evoluir o mais rápido possível até chegar na Floriano. Depois vamos continuar ela do lado contrário, da Dom Joaquim em direção à Bento Gonçalves. Assim vai ser melhor."

Montanelli demonstra preocupação com a sequência de obras pretendidas pelo Poder Público. "Depois dessa obra vamos ter outras. Na Duque de Caxias, na Domingo de Almeida, em outros locais. E aí, vai ter um protesto por dia? Temos é que conversar", finaliza.

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